Saudações colegas jornalistas, curiosos que adoram uma novidade. Ops!
Antiguidades, pra falar a verdade. Hoje trouxe algumas relíquias do
jornal impresso, são exemplares do jornal cearense O Povo dos anos 1928. Vamos observar algumas peculiaridades dos jornais da época, como o tipo de linguagem, escrita, layout e anúncios.
Começa aqui a nossa viagem no tempo com uma manchete local, é claro - não
podemos deixar de notar as características da linguagem formal e rígida
da época, adotada por todos os meios de comunicação impressos. Veículos estes que tinham o interesse em atingir as massas, de forma que a grande maioria dos
leitores entendessem.
Abaixo do título da primeira reportagem, descrição que promove a própria matéria do jornal
Quando vi as manchetes pela primeira vez o que mais chamou minha atenção
foi a gramática, como na foto acima a palavra "victima" ou "syndicato".
Será que naquela época eles já usavam estrangeirismos? E o destaque
para a maior reportagem "telegraphica" até hoje publicada no Ceará?
A importância para tal destaque é que na época os telégrafos tinham
acabado de ser implantados, modificando a fabricação do jornal: o que antes era manual, agora é industrial.
Mas voltando para a escrita, fiquei encucada quando encontrei muitas
outras palavras escritas de forma "estrangeirada". Vejamos mais alguns exemplos:
Officinas, com grafia diferente, e typographieo
Hontem, com "H"
Quase com "i" na manchete do jornal
Os anúncios também eram comuns na época, e não vinham em um caderno específico, mas muitas vezes no meio dos textos jornalísticos, como na foto abaixo:
Anúncios de livros variados
Os jornais também não tinham uma quantidade fixa de páginas e nem de valor, sendo necessário um anúncio nas capas com tais informações:
E essas palavras diferentes?
Meus Deus! O que aconteceu com a gramática desse povo? Seria um jornal
escrito por um espanhol ou americano e fora mal traduzido? Não é nada
disso! A verdade é que são palavras com grafia vigente em Portugal,
antes da reforma ortográfica de 1911.
Agora vamos para um caminho de emoção e desafio, o layout das páginas
que tornavam a leitura bastante cansativa pois não tinha padrão, mas
graças as novas tecnologias foram aprimorando a estrutura das manchetes,
colunas e fotografias. Vejam só como está página é confusa, com tantas
fotos e anúncios perdidos no meio da matéria:
Layout da página, com muitas informações e letras pequenas
Apesar das diferenças encontradas em relação aos jornais atuais, foram esses impressos a base de tudo (ou quase tudo) o que conhecemos e vivenciamos hoje como jornalistas em formação. Foi graças aos nossos antepassados, que hoje as notícias são como são, e chegam até nós com o profissionalismo que o ofício exige.
Khrisley Karlen
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